Videoconferência debate etapas de encerramento do Projeto de Inovação Territorial na Comunidade Quilombola do Igarapé Preto

Kid Reis

Writer & Blogger

A Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA) e as lideranças da Comunidade Quilombola do Igarapé Preto, em Oeiras do Pará, realizaram no ultimo dia 25 de outubro, por videoconferência, mais uma etapa de diálogo para sistematizar as informações e definir os responsáveis pela organização, encaminhamentos e a realização da Feira de Encerramento Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Remanescente do Quilombo do Igarapé Preto. A atividade será realizada no território nos dias 10 e 11 de novembro com a participação de diversas autoridades governamentais, integrantes da sociedade civil e membros das comunidades.

De acordo com Renato das Neves, professor e pesquisador do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (ITEC-UFPA), o Projeto é uma parceria entre a CRF-UFPA, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Governo do Pará (Sectet-PA) e a comunidade quilombola, além de contar com o suporte operacional da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp). Durante a videoconferência foram debatidas as formações das equipes responsáveis pela decoração dos espaços disponibilizados para a organização das barracas para as degustações gastronômicas regionais e as exposições dos produtos artesanais, das riquezas culturais e de demonstração de lazer do território. Foram debatidas as rotas para visitas turísticas e de contemplação sobre a fauna e flora local.

O coordenador informa que Igarapé Preto possui uma identidade afrodescendente forte e uma ampla cultura marcada pela resistência e a defesa de sua identidade e os enfrentamentos colocados pelas diásporas históricas. O quilombo está localizado na cidade de Oeiras do Pará, na Região do Baixo Tocantins, e faz fronteira com o município de Baião. O local é cortado pela Rodovia BR – 422 –Transcametá e disponibiliza uma pluralidade de igarapés com as suas águas escuras para o lazer da comunidade e dos turistas. A comunidade tem interações geográficas, ainda, com as cidades de Mocajuba, Cametá e Bagre, entre outras.

Equipe na Trans Cametá em Oeiras do Pará

Outro ponto abordado na videoconferência foi a apresentação dos produtos debatidos e construídos com base na integração dos saberes da comunidade e os conhecimentos das equipes de professores multidisciplinares da Universidade Federal do Pará e outras instituições parceiras. Entre estes produtos pactuados estão os desafios da construção de um projeto de um portal para marcar a entrada quilombo pela Rodovia BR – 422 e a elaboração de um conjunto de placas indicando os nomes das ruas para ordenar os deslocamentos no quilombo. A comunidade tem interações geográficas, ainda, com as cidades de Mocajuba, Cametá e Bagre, entre outras. Foram debatidos os projetos de engenharia de preservação da Casa de Cultura, Biblioteca e Barracão Comunitário.

Os participantes dialogaram, também, sobre a apresentação do diagnóstico fundiário do território, assim como a demonstração da cartografia social, que possibilita a elaboração de mapas detalhados dos múltiplos setores de serviços, públicos e privados que formam a comunidade, além de aprofundar o conhecimento e o sentimento de pertencimento histórico dos participantes ao quilombo. Os participantes discutiram também a realização de um amplo desfile de moda afrodescendente desenvolvida pela comunidade local, que trabalhou as definições das estampas, coleções e a padronização das estamparias, além da confecção e do acabamento das peças.

A proposta de encerramento do projeto será marcada por uma ampla programação cultural que está em consolidação e envolverá, também, as riquezas musicais da comunidade. Haverá uma exposição fotográfica como um documento histórico retratando as etapas do processo de construção da metodologia desenvolvida pela comunidade do Igarapé Preto. “Esta metodologia marca a primeira experiência e uma inovação da CRF-UFPA na atuação em projetos de pesquisa, ensino e extensão. A expertise histórica da Comissão estava voltada para a preservação do patrimônio público e a regularização fundiária, urbanística, ambiental, administrativa, jurídicas e sociais em terras públicas municipais, estaduais e federais”, diferencia Renato.

Casa da farinha
Balneário do Águia
Casa da Cultura

O Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos de Igarapé Preto tem o objetivo de promover o desenvolvimento humano, social e formar uma rede de empreendedores para escoar a produção agroalimentar como um modelo de negócio inovador de base comunitária, além de fortalecer as práticas culturais, turísticas e de ocupação do solo no território quilombola, fortalecendo a geração de emprego e renda, resgate dos seus saberes e da ancestralidade e da cidadania no quilombo. “Assim, com o término da parceria, a comunidade poderá caminhar com as suas próprias pernas, avançar na gestão territorial e compartilhar conhecimentos com outros quilombos”, sugere Renato.

A Comunidade Remanescente do Quilombo do Igarapé Preto está inserida em área coletiva juntamente com 11 comunidades, ou seja, Papelônia, Varzinha, Baixinha, Franca, Cupu, Araquembau, Carará, Costeiro, Teófilo e Igarapezinho, que possuem título de propriedade coletiva definitiva da terá cumprindo-se o artigo 68 das disposições transitórias da Constituição Federal de 88. A próxima reunião ocorrerá no dia 1 de novembro, quarta-feira, a partir das 18 horas, quando os participantes receberão o link de participação e haverá a lista completa dos responsáveis pela programação de encerramento da feira.

Texto: Kid Reis – Ascom CRF-UFPA – Fotos: Arquivo Projeto Igarapé Preto.

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