UFPA e SECTET apresentam projetos estruturantes para o Quilombo de Igarapé Preto, no Pará.

Kid Reis

Writer & Blogger

A Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Governo do Estado do Pará (Secet-Pa) e a Comunidade Quilombola de Igarapé Preto realizam nos próximos dias 10 e 11 de novembro, na sede da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Igarapé Preto à Baixinha (Arqib), em Oeiras do Pará, a Feira de Encerramento do Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Remanescentes do Quilombo. A comunidade está localizada na Região do Baixo Tocantins, na Rodovia BR-422, Transcametá.

Renato das Neves, engenheiro e pesquisador do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (ITEC-UFPA) e coordenador do projeto, informa que o Projeto promoveu o desenvolvimento humano e social equitativo da comunidade quilombola, por meio das famílias que realizam as suas práticas culturais agroalimentares e têm vocação para integrar uma rede de empreendedores interessados em escoar a produção como um modelo de negócio inovador de base comunitária. “Está sendo finalizada uma experiência metodológica muito rica e inclusiva para a UFPA”, avalia.

Dentro da programação de encerramento, entre 10 e 11 de novembro, haverá atividades envolvendo a inauguração do Portal de entrada da comunidade quilombola e as instalações das placas horizontais de sinalizações para orientar o deslocamento pelas ruas históricas e as áreas de lazer do território. Serão apresentados, ainda, os projetos arquitetônicos de engenharia voltados para a edificação de uma biblioteca quilombola, uma casa de cultura e um barracão comunitário, cujos projetos estruturantes foram construídos pelas equipes interdisciplinares da CRF-UFPA, além do estudo fundiário do quilombo.

Projeto da Casa da Cultura
Barracão Comunitário

Será apresentado, ainda, o diagnóstico fundiário do território, além da abertura de uma ampla exposição fotográfica como um instrumento documental do processo metodológico inovador, inclusivo e sustentável desenvolvido no território. Os participantes realizarão visitas de reconhecimento ao quilombo e farão deslocamentos contemplativos pelas trilhas, além de interações participativas e sociais para conhecer os produtos turísticos e o artesanato local, assim como saborear a gastronomia ou conhecer os igarapés.

Equipe de Guias

O encerramento será marcado por um desfile de moda, cujas peças foram produzidas pelas equipes da comunidade, além da realização de uma ampla programação envolvendo as tradições culturais, que perpassam pelo histórico samba de cacete, a ladainha e o ganzá, manifestações plurais que marcam os rituais de africanidade no território, assim como as relações com os povos indígenas e os europeus.

O Projeto de Pesquisa e Extensão foi construído em cima do tripé acadêmico de ensino, pesquisa e extensão e iniciou em 9 de dezembro de 2021 com um investimento de R$ 626.630,62 de recursos públicos. Nestes dois anos de trabalho de campo, as 15 capacitações realizadas mobilizaram nove educadores de instituições municipal, estadual e federal de ensino, além de membros da comunidade e do Projeto.

Foram debatidos os efeitos nefastos da diáspora africana, os conteúdos sobre o pertencimento ao território, desenvolvimento e economia solidária e a formação em hospedagem familiar e economia circular. Foi realizado o levantamento cartográfico e elaborado uma cartografia social, além de debater planos de negócios, moda afrodescendente, roteiro turístico, marketing digital, tecnologia social e os múltiplos saberes gastronômicos do território, entre outros conteúdos estruturantes.

Cartografia Social

Para André Montenegro, professor do ITEC-UFPA e coordenador de Pesquisa e Tecnologia do Projeto, a parceria gerou conhecimentos multiculturais e o empoderamento entre as equipes da UFPA e a comunidade. “É uma nova metodologia desenvolvida pela UFPA e pode ser repassada em outros quilombos, pois gerou o resgate da ancestralidade e construiu novas estruturas arquitetônicas com a participação social da comunidade, além de estimular o emprego, a renda e avançar a cidadania e a autonomia para as famílias do quilombo”, finaliza Montenegro.

Texto: Kid Reis- Ascom CRF-UFPA- Fotos e artes: Arquivo CRF-UFPA

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