Hospedagem familiar ganha impulso em Igarapé Preto

Kid Reis

Writer & Blogger

Formação em hospedagem familiar fortalece Projeto  de Inovação Territorial no Quilombo do Igarapé Preto.

Moradia em construção.

“A comunidade do Quilombo do Igarapé Preto é bastante interativa e interessada na educação empreendedora para desenvolver a hospedagem familiar no território. Possuem uma agenda de eventos e ações durante quase todo o ano, o que faz com que a atividade turística tenha grande potencial, tanto quanto em atrativos naturais, culturais, gastronômicas e afrodescendentes no território quilombola”.  A avaliação é da professora Ágila Rodrigues, doutoranda em Desenvolvimento Socioambiental e Mestra em Planejamento do Desenvolvimento pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU), do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará, que administrou, entre 23 e 27 de janeiro, o curso de Formação em Hospedagem Familiar para 13 inscritos com idade entre 18 e 60 anos, sendo a maioria de mulheres. Eles planejam ou possuem seus meios de hospedagem local para os turistas.

A ação, segundo a professora, integra o Projeto Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Quilombola do Igarapé Preto e é uma parceria entre a Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet) e a comunidade quilombola do Igarapé Preto, além de envolver uma equipe de  professores e pesquisadores que trabalham com a transversalidade educacional.

O objetivo do Projeto é o de promover o desenvolvimento humano e social equitativo da comunidade, por meio das famílias que desenvolvem as suas práticas culturais agroalimentares e têm a vocação para integrar uma rede de empreendedores interessados em escoar a produção agroalimentar como um modelo de negócio inovador de base comunitária.

Durante a formação,  Ágila informa que os participantes  debateram a importância da formação e da hospedagem familiar, que são diferentes e mais complexas do que a hospedagem de hotelaria convencional, pois exigem as noções básicas para a condução dos visitantes no quilombo, conhecer o bem o perfil do anfitrião, ter uma infraestrutura necessária de recepção ao visitante, cuidar da arrumação do quartos, limpeza, sanitários entre outras áreas, além dos serviços e preços a serem disponibilizados aos usuários.

Ágila explica que saber administrar estes cenários, ou seja, a diferença entre os ambientes da hospedagem familiar e da hospedagem convencional são passos estratégicos e profissionais para receber bem o visitante e promover o desenvolvimento da cadeia do turismo sustentável e comunitário no quilombo. “O principal encaminhamento é compreender as relações entre a teoria e prática para a montagem do meio de hospedagem familiar, quando o turista interage com os membros familiares”, alertou.

Além dos aspectos teóricos da formação,  foram  realizadas visitas de campo em três imóveis dos alunos, sendo que um já funciona como pousada com quatro apartamentos integrados com cozinha e sala em fase do acabamento.  “É o ambiente mais próximo da Escola Zumbi do Palmares e da Associação dos Remanescentes do Quilombo do Igarapé Preto e Baixinha (Arquib), portanto estratégico para pesquisadores e professores que atuam na comunidade. Nesta pousada o proprietário planeja aquisição de um barco para fazer passeios turísticos no território” sinalizou a melhoria.

Os outros dois imóveis estão com o projeto de construção de hospedagem em andamento,  inclusive,  com obras já iniciadas. Foram sugeridos investimentos em atividades de lazer como tanques para pescaria, estilo “pesque-pague”, e oficinas de percussão, além da construção de dois barracões, sendo um para hospedaria e outro para o centro cultural e mais três quiosques para a pescaria.

Segundo Ágila Rodrigues, avaliação da comunidade sobre os conteúdos do treinamento foi bastante positiva. Todos analisaram as diferentes formas de hospitalidade, seja a doméstica,  a  social e a comercial, além dos seus efeitos propositivos no território e as suas relações de competitividade local. “A hospitalidade comercial foi considerada uma excelente alternativa para o desenvolvimento financeiro familiar e econômico para a comunidade, além de impulsionar ações empreendedoras e de geração de emprego e renda num modelo de negócio inovador que  fortalece a construção da cidadania numa  base comunitária”, finaliza.

Texto: Kid Reis – Ascom CRF-UFPA – Fotos: Ágila Rodrigues

Equipes do Projeto Inovação Territorial dialoga com a comunidade
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