Estudos sobre a realidade social, ambiental e hídrica marcam novas etapas do Projeto Inovação Territorial no Quilombo do Igarapé Preto

Kid Reis

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A Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet) realizam entre 29 a 31 de março mais uma visita técnica à Comunidade Quilombola do Igarapé Preto para dar continuidade ao Projeto Inovação Territorial para Jovens e Adultos deste território. O objetivo da visita é realizar entrevistas individuais com um grupo seleto de moradores e moradoras de vários segmentos sociais e culturais da comunidade para aprofundar o conhecimento e o sentimento de pertencimento histórico dos participantes ao quilombo, além dar continuidade aos estudos sobre a realidade socioambiental local.

 As atividades ocorrerão a partir de amanhã,  29 de março, quinta-feira, 9 horas, em residências de várias famílias e outras ações podem ocorrer na Escola Municipal Zumbi dos Palmares, localizada na BR 422, S/N, na Vila do Igarapé Preto, ou na sede da Associação dos Remanescentes de Quilombo do Igarapé Preto e Baixinha. As equipes retornam para a capital paraense no dia 31 de março.

Para Maria do Carmo Silva, assistente social e mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea) da Universidade Federal do Pará (UFPA), responsável pelo levantamento dos estudos sociais e culturais, os dados deste grupo seleto integrarão as informações já coletadas pelo Projeto junto à comunidade sobre o perfil econômico, cultural, fundiário, ambiental e turístico do território na região do Baixo Tocantins.

Estas informações, segundo ela, coletadas pela oralidade presencial serão integradas aos dados que estão em sistematização pelas equipes interdisciplinares da CRF-UFPA. “Posteriormente, este estudo social participativo que faremos nesta viagem, será apresentado para a validação da comunidade onde ela poderá resgatar a sua memória histórica afrodescendente ou perceber como enxerga a sua identidade social e cultural no quilombo atualmente”, sinaliza.

Por sua vez, Renato das Neves, professor e pesquisador do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (ITEC-UFPA) e coordenador da parceria com o Governo do Estado do Pará, informa que os estudos sobre a qualidade da água serão realizados pelas equipes do Projeto e do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (ICB-UFPA), numa próxima visita, uma vez que este recurso natural é determinante para a saúde do ser humano, para o preparo de alimentos, higiene e limpeza, além do lazer nos igarapés do quilombo.

O pesquisador detalha que a Portaria nº 888, de 4 de maio de 2021, do Ministério da Saúde, estabelece um conjunto de procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para o consumo humano e o seu padrão de potabilidade. “A qualidade da água, de uma forma sintética, dever ser incolor, sem sabor e sem cheiro, além de estar livre de materiais tóxicos e micro-organismos, como bactérias que são prejudiciais à saúde”, alerta.

Os dados da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) relatam que são cinco os tipos de sais (bicarbonato, carbonato, citrato, cloreto ou sulfato) que podem ser adicionados nas águas engarrafadas, sendo que cada um deles podem ser de quatro diferentes tipos de minerais: cálcio, magnésio, potássio e sódio, entre outros. “A água deve conter sais minerais em quantidade necessária à nossa saúde, uma vez que o corpo humano é composto, em média, por 70% de água”, acentua Renato.

Durante as atividades no território serão debatidas, ainda, segundo Kelly Alvino, vice-coordenadora do Projeto, as duas últimas capacitações voltadas para as temáticas relacionadas à moda e à gastronomia, assim como iniciará o planejamento da realização de uma feira de produtos envolvendo a comunidade, as mulheres empreendedoras, educadores sociais, gestores do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e das secretarias estaduais de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica e de Turismo do Estado do Pará, além de representantes da UFPA, entre outros.

Esta culminância, segundo ela, promove o intercâmbio de conhecimentos e saberes entre as instituições federal e estadual e a comunidade. Além disso, avança mais uma etapa do Projeto Inovação Territorial e fortalece o desenvolvimento humano e social equitativo da comunidade e consolida uma metodologia de campo que pode ser aplicada em outras comunidades quilombolas.  “Estas famílias desenvolvem as suas práticas culturais agroalimentares e têm a vocação para integrar uma rede de empreendedores interessados em escoar a produção agroalimentar local como um modelo de negócio inovador de base comunitária, fortalecendo a geração de emprego e renda, resgate dos seus saberes e da ancestralidade e da cidadania”, finaliza.

Texto: Kid Reis- Ascom CRF-UFPA

Fotos: Arquivo CRF-UFPA e Lucas Nascimento

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