CRF-UFPA e comunidade do Igarapé Preto sistematizam cartografia social do quilombo

Kid Reis

Writer & Blogger

Equipes interdisciplinares da Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará e lideranças das Comunidades Quilombola do Igarapé Preto, localizado em Oeiras do Pará, iniciaram hoje, 1 de agosto, a sistematização dos dados e imagens coletados entre 14 e 17 de julho para elaborar a cartografia social do território. Para fazer o levantamento da base cartográfica do território, que fica a 344 km de Belém pela PA-151, foram utilizadas tecnologias sociais do RTK e de drone. A comunidade está localizada na Região do Baixo Tocantins e faz fronteira com o município de Baião, sendo cortada pela Rodovia BR 422, Transcametá.

O Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos de Igarapé Preto é uma parceria entre a CRF-UFPA, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Pará (Sectet) e a comunidade do Igarapé Preto, que conta com aproximadamente 380 famílias e uma população estimada em 1.520 moradores, tendo por base um núcleo familiar de quatro filhos. A ação promove o desenvolvimento humano, social e forma uma rede de empreendedores para escoar a produção agroalimentar como um modelo de negócio inovador de base comunitária, além de fortalecer as práticas culturais, turísticas e de ocupação do solo no território.

Durante os quatro dias de trabalho de campo, as equipes da CRF-UFPA e os membros da comunidade realizaram o reconhecimento de campo, coletaram os pontos de controle para realizar o voo e fizeram o aerolevantamento planialtimétrico que possibilitará a sistematização dos dados das imagens para verificar o uso e a ocupação do solo, além do registro fotográfico para consolidar a cartografia social. Para Daniel Mesquita, engenheiro sanitarista do Projeto, responsável pelo levantamento planialtimétrico do quilombo, com as imagens serão referendados os limites territoriais, as localizações das escolas, posto de saúde, igrejas, comércios, lojas, moradias e as áreas de lazer, trilhas e espaços para as festividades culturais.

O sanitarista afirma que a parceria avança para consolidar o perfil social, dominial, fundiário, econômico, cultural, ambiental e turístico do quilombo. “Com as imagens do RTK e do drone estamos elaborando uma ortofoto, ou seja, uma fotografia aérea corrigida geometricamente de modo que a escala territorial seja uniforme e nos permita a elaboração de um mapa de uso e da ocupação do solo do quilombo. Estes documentos serão apresentados, debatidos e aprovados, posteriormente, pela comunidade”, assevera Daniel, que contou com a participação de Lucas Nascimento, engenheiro civil do Projeto, e Emerson de Freitas Vieira, liderança da comunidade quilombola.

Para Lucas Nascimento, engenheiro civil do Projeto, o levantamento planialtimétrico do Quilombo culminou com a consolidação da Oficina Pertencimento, Desenvolvimento Comunitário e Economia Solidária, ministrada pela professora Madalena Freire, do Campus Universitário do Tocantins-Cametá, que estimulou a troca de conhecimento sobre o significado de pertencimento como forma de fortalecimento dos costumes e tradições locais. “Os dados estão sendo sistematizados e serão fundamentais para consolidar um perfil da cartografia social da comunidade, os seus aspectos fundiário, econômico, cultural, gastronômico e turístico do quilombo. No período foi realizada a II Feira de Mulheres Empreendedoras do Quilombo, organizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)”, recorda Lucas.

Por sua vez Renato das Neves, coordenador do Projeto, acrescenta, ainda, que a oficina, com a participação da comunidade, está consolidando um painel de produtos e serviços que representem a identidade étnica como elemento de reafirmação e pertencimento à comunidade, além de agregar esforços e recursos para a produção, beneficiamento, crédito, comercialização, consumo e geração de emprego e renda no território. “Iniciamos um diagnóstico sanitário de moradias, que poderão ser modelos para hospedagem turísticas, além de compartilhar um cronograma de atividades para o segundo semestre, que envolve oficinas de capacitação com diversas temáticas, visitas técnicas e a realização de uma feira cultural sobre o empreendedorismo com a mensuração de resultados dos trabalhos do projeto no final de 2022”, antecipa Renato.

Texto: Kid Reis – Ascom CRF-UFPA – Fotos: Renato das Neves.

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