Comunidade quilombola do Igarapé Preto e gestores de projeto de pesquisa constroem roteiro de capacitação até dezembro

Kid Reis

Writer & Blogger

Investir na formação profissional para capacitar guias locais para trabalhar com rota turística, hospedaria familiar, gastronomia, moda quilombola e gestão empreendedora de negócios criativos na Comunidade Quilombola do Igarapé Preto, localizada em Oeiras do Pará. Estes cinco temas projetam, de outubro até dezembro, um cronograma de atividades do Núcleo de Capacitação Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos da Comunidade Remanescente de Quilombo do Igarapé Preto. As capacitações serão realizadas na sede da Escola Zumbi do Palmares, localizada na BR-422, com a participação de uma equipe multidisciplinar de educadores do Instituto Federal do Pará (IFPA), da Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (EETFPA) e da Universidade Federal do Pará (UFPA). As atividades iniciam nesta segunda-feira, 24 de outubro, sempre no período noturno.

O Núcleo de Capacitação integra o Projeto de Pesquisa e Extensão Inovação Territorial da Comunidade Quilombola de Igarapé Preto para Jovens e Adultos e faz parte da parceria entre a Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Estado do Pará (Sectet), além de estar alicerçada no tripé acadêmico de ensino, pesquisa e extensão. O foco é promover o desenvolvimento humano e social equitativo da comunidade quilombola, por meio das famílias que desenvolvem as suas práticas culturais agroalimentares e têm a vocação para integrar uma rede de empreendedores interessados em escoar a produção local como um modelo de negócio inovador de base comunitária.

Para o professor Eduardo Gomes, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Pará (ICSA-UFPA), integrante do Projeto de Pesquisa, os conteúdos da formação em guias locais da rota turística do Igarapé Preto serão ministrados em 80 horas aula pelas equipes de educadores Ágila Rodrigues, Jamily Souza, Bernardino Silva e Renan Nogueira, ligados ao Instituto Federal do Pará (IFPA) que atuam no eixo de Turismo Hospitalidade e Lazer. Serão ministrados, segundo Gomes, os módulos Fundamentos do turismo, da hospitalidade e panorama do turismo regional, entre 24 a 28 de outubro; Educação ambiental e primeiros socorros, entre 7 a 11 de novembro; Estratégias de abordagem, tipos de produtos turísticos e conduta profissional, entre 14 a 18 de novembro, e a Elaboração e execução de rotas turísticas no período de 21 a 25 de novembro próximo.

Já em relação à formação em hospedaria familiar, que terá 60 horas aula, os três módulos envolvem os fundamentos da hospitalidade no turismo de base comunitária: histórico, princípios e perfil do anfitrião; Tecnologias da Informação e da comunicação na hospedagem familiar: o processo de reservas, recepção e serviços extras e a Governança na hospedagem familiar: infraestrutura básica, o processo de limpeza e arrumação, segurança e riscos. O intercâmbio de conhecimentos ocorrerá entre 7 e 25 de novembro e serão ministrados pelas educadoras Anaryê Rocha e Ágila Rodrigues, do IFPA, e Pablo Vianna, da EETFPA.

Por outro lado, Eduardo Gomes alerta, ainda, que a Coordenação do Projeto de Pesquisa e Extensão está consolidando com a educadora Grazi Ribeiro, da EETFPA, uma estruturação dos horários, até dezembro, para desenvolver as capacitações sobre as Boas Práticas de Manipulação de Alimentos; Gastronomia e Identidade Cultural: criação de pratos e livro de receitas. Será abordada, também, a Produção Artesanal de Doces: criação de compotas, biscoitos, geleias, licores e livro de receitas. Entram nesta estruturação as temáticas sobre a Formação em Moda Quilombola com o foco para Moda, Pertencimento e Decolonialidade e a Criação de Coleções, Identidades e Sustentabilidade.

Para Renato das Neves, coordenador do Projeto e engenheiro pesquisador do Instituto de Tecnologia da UFPA (ITEC-UFPA), o cronograma de atividade sinaliza novas etapas que fortalecem a parceria entre as instituições públicas e a comunidade na medida em que se desenvolvem novos estudos e diagnósticos para ampliar a autonomia da comunidade. “A partir do respeito aos saberes locais, dialogamos para formar empreendedores, fortalecer desenvolvimento sustentável e reduzir índices de conflitos socioambientais na comunidade. As atividades de capacitação promovem um olhar mais detalhado para que as famílias assumam a gestão das relações no território para gerar emprego e renda, além de potencializar os saberes e as práticas tradicionais históricas no quilombo. Esta autonomia é um sinal positivo de resistência étnica que promove o resgate da ancestralidade, a defesa da qualidade de vida e a autonomia do quilombo de Igarapé-Preto. Estamos avançando com o respaldo da comunidade”, avalia Renato.

O Quilombo do Igarapé Preto está localizado na região do Baixo Tocantins, no município de Oeiras do Pará, na fronteira com o município de Baião, sendo cortado pela rodovia BR – 422 – Transcametá – e por uma estrada vicinal conhecida como Ramal da Incobal. A comunidade do Igarapé Preto leva esse nome em função das águas de cor escurecidas da cabeceira do rio que corta o território. O quilombo está inserido em uma área coletiva juntamente com outras onze comunidades (Pampelônia, Varzinha, Baixinha, França, Cupu, Araquembau, Carará, Costeiro, Teófilo e Igarapezinho) que possuem título de propriedade coletiva definitiva da terra cumprindo-se o disposto no artigo 68 das disposições constitucionais transitórias da Constituição Federal de 1988.

Texto: Kid Reis – Ascom CRF-UFPA – Fotos: Kid Reis e Renato das Neves.

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