Terminou nesta sexta-feira, 25 de novembro, na Escola Zumbi do Palmares da Comunidade Quilombola do Igarapé Preto, em Oeiras do Pará, mais uma etapa da capacitação de jovens e adultos do quilombo sobre as temáticas Hospedagem familiar: o processo de reservas, recepção e serviços extras e a Elaboração e Execução de Rotas Turísticas dentro do Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos de Igarapé Preto. A atividade foi realizada entre 21 a 25 de novembro, das 18 às 22 horas, na Escola Zumbi do Palmares, e representou mais um passo da parceria entre a Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CRF-UFPA), a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica do Pará (Sectet) e a Comunidade Quilombola do Território do Igarapé Preto. O quilombo possui aproximadamente 380 famílias e uma população estimada em 1.520 moradores.

Pablo Viana Pereira, que é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (NAEA/UFPA), foi responsável pela temática Hospedagem familiar: o processo de reservas, recepção e serviços extras. A capacitação, segundo ele, promoveu o intercâmbio de conhecimentos para os jovens e adultos da comunidade quilombola, a partir da realidade local, acerca da importância da hospedagem familiar no contexto do Turismo de Base Comunitária (TBC). “Esta modalidade de serviço está ligada ao ato de receber e proporcionar uma hospitalidade ao turista que vai conhecer o quilombo, os seus costumes, hábitos alimentares e a história afrodescendentes dos moradores”, explicou.

Já as temáticas Elaboração e Execução de Rotas Turísticas foram ministradas pelo professor Renan Nascimento, que é especialista em Gestão Ambiental pelo Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (NUMA/UFPA) e ligado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA). “Foi uma troca produtiva de informações entre os jovens e adultos do quilombo na Escola Zumbi dos Palmares, pois vivenciamos um intercâmbio teórico e prático sobre a elaboração e execução das rotas turísticas no contexto do Turismo de Base Comunitária no território quilombola”, assinalou.

Renan explica que o quilombo está inserido em uma área coletiva e envolve 11 comunidades que possuem título de propriedade coletiva definitiva da terra, conforme disposto no artigo 68 das disposições transitórias da Constituição Federal de 1988. “A capacitação fortaleceu o protagonista da comunidade local, os seus conhecimentos tradicionais sobre sustentabilidade, seja ela nos campos sociocultural, econômico, ambiental e histórico. É uma imersão no universo quilombola que produz uma ampla troca de conhecimentos e aprendizados, além de fortalecer a preservação, a valorização dos saberes e o resgate dos valores afrodescendentes”, esclareceu o educador.

Por sua vez, Renato das Neves, pesquisador do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (ITEC-UFPA) e coordenador do Projeto de Pesquisa e Extensão Inovação Territorial avalia de forma positiva e engrandecedora a evolução da experiência piloto da CRF-UFPA e da Sectet em abraçar o primeiro Projeto de Pesquisa e Extensão: Inovação Territorial para Jovens e Adultos de Igarapé Preto num contexto voltado para uma comunidade quilombola. “É um enriquecimento no universo do ensino, da pesquisa e da extensão para todos os participantes, inclusive para os professores, para a Universidade e comunidade local”, relata.




O coordenador do Projeto de Pesquisa e Extensão Inovação Territorial acentua, ainda, que um rico aprendizado coletivo entre educadores e comunidade está sendo sistematizado e resultará na realização de uma grande feira de conhecimentos para inspirar outros projetos. Para ele, a Comunidade Quilombola do Igarapé Preto assumiu o protagonismo da construção desta metodologia junto com a CRF-UFPA e a Sectet, além de formar uma rede de empreendedores para escoar as suas produções agroalimentares e turísticas locais por meio de um modelo de negócios de hospitalidade de base comunitária. “Este avanço organizacional gera emprego e renda para o desenvolvimento local e a construção da cidadania no espaço urbano quilombola, além de abrir as portas do conhecimento para as crianças que participam das atividades no território. Um exemplo metodológico de empoderamento e de resgate histórico da africanidade para serem adaptados e compartilhados em outros territórios quilombolas da região amazônica”, vislumbra o engenheiro.



Fotos: Edivan Nascimento, Pablo Viana, Renato das Neves, Renan Nogueira e Brenda Nogueira.